A busca por saúde e bem-estar, ou seja, qualidade de vida é uma tendência consolidada que vem avançando, impactando e desafiando o varejo alimentar. As oportunidades são muitas já que estudos apontam que o brasileiro consome menos da metade de FLV do que um europeu.
A pandemia foi um gatilho que acentuou e acelerou a preocupação com a saúde e o bem-estar. Segundo pesquisas, 51% dos brasileiros têm priorizado uma alimentação saudável, preocupados, entre outras coisas, em melhorar a imunidade para enfrentar o vírus. A pandemia está fazendo com que a alimentação saudável tenha ainda mais destaque no novo cenário.
Os consumidores de maior poder aquisitivo, que cumpriram os períodos de isolamento social, ficaram em quarentena e passaram a fazer um maior número de refeições em casa, podem ter levado a um incremento no consumo de alimentos frescos. As primeiras análises do Estudo NutriNet Brasil, feito pela USP, indicam aumento generalizado na frequência de consumo de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) durante a pandemia.
Por outro lado, nas camadas de menor poder aquisitivo, se identificou um aumento do consumo de alimentos ultra processados. Podemos supor que os segmentos mais populares do mercado têm mais dificuldade para acessar alimentos frescos, seja em função de restrições no abastecimento e oferta, limitação na qualidade e mesmo pelos preços. Podemos concluir que a oferta de alimentos frescos ainda é restrita e seletiva.
Como dissemos, os supermercados estão diante de uma clara e importante oportunidade, porém, o desafio também não é menor. Para que haja uma adequada ampliação no acesso a oferta de FLV e outros alimentos frescos de qualidade a preços competitivos é fundamental buscar o equilíbrio entre a disponibilidade e o custo de manutenção e movimentação dos estoques. Principalmente de redução drástica de perdas, quebras e desperdícios. As perdas, quebras e desperdícios encarecem o FLV e outros alimentos frescos e diminuem o acesso aos mesmos.
Entretanto, isso requer uma visão ampla e integrada, não só internamente como na cadeia de abastecimento com produtores e distribuidores. Uma maior acurácia nos registros de controle de estoques, ajustes no sortimento com a busca de produtores locais, revisão dinâmica de parâmetros logísticos, inteligência no planejamento de demanda e qualidade e disciplina na execução no chão da loja são fundamentais para a redução e prevenção de perdas, quebras e desperdício.
Na raiz do desperdício está o excesso de oferta. Ele se dá não somente no varejo como, principalmente, nos lares dos clientes, segundo pesquisa recente da ONU. Neste sentido o varejo além da busca permanente por uma melhor calibragem no planejamento de demanda, precisa ser cada vez mais ágil na venda de produtos frescos próximos as datas de validade, nas doações de produtos ainda próprios para o consumo e no suporte e orientação para seus clientes para um consumo cada vez mais consciente.
A experiência mostra que as ações para redução e prevenção de perdas, quebras e desperdício contribuem também para o incremento do frescor dos produtos aumentando a competitividade da empresa em um ambiente de concorrência acirrada com abertura de novas lojas, entrada de novos concorrentes no mercado atual, empresas de outros segmentos que começam a vender as categorias de alimentos e o surgimento de novos concorrentes que estão surgindo no ambiente online.
Além disto, a redução do desperdício de alimentos está em linha com a preocupação crescente não só do consumidor, mas dos demais stakeholders (todas as partes interessadas como por exemplo, funcionários, cliente, comunidade, acionistas, ONGs etc.) e do mercado como as questões ambientais, sociais e de governança corporativa e mesmo com os tão falados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, as chamadas ODS.
Esse movimento é estratégico por várias razões:
Uma melhor produtividade da cadeia, pode cumprir, mesmo que parcialmente com vários dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como Fome zero e agricultura sustentável; Saúde e bem-estar; Consumo e produção sustentáveis; Redução das desigualdades. A empresa supermercadista atua dentro de um propósito maior
Aumentar a competitividade da empresa em um ambiente de concorrência acirrada com abertura de novas lojas, entrada de novos concorrentes no mercado atual, empresas de outros segmentos que começam a vender as categorias de alimentos e o surgimento de novos concorrentes que estão surgindo no ambiente online
Os alimentos frescos podem ser um diferencial competitivo frente aos novos concorrentes, seja pela proximidade com shopper e por conhecê-lo melhor;
Sabemos que o consumidor/shopper tem um repertório de loja e que a retenção e aumento do tíquete médio é um desafio e que não podemos ficar reféns dos caçadores de promoções. Operar melhor permitirá também contribuir para aumenta a satisfação do shopper, que tem mais opções e transfere expectativas de serviço e experiência de um canal para outro.
Embora o prolongamento da pandemia possa acentuar a crise econômica e consequentemente aumentar o número de pessoas que enfrentam restrições orçamentaria, o que o pode reduzir temporariamente o consumo de alimentos frescos, é seguro afirmar que essa é uma tendência que tende a se consolidar, especialmente se as empresas supermercadistas atuarem para melhorar a eficiência desta operação e criar as condições para um maior acesso, principalmente, às camadas mais populares.
O formato supermercado é o mais próximo do consumidor/shopper e a frequência de compras é uma fortaleza, mas a concorrência está aumentando e é vital operar melhor alimentos frescos para satisfazer e permanecer relevante para o cliente, que está mais informado, exigente e com maios opções de locais de compra.
Fonte: SuperVarejo
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