A Diretoria da ASSURN e supermercadistas associados se reuniram na manhã de hoje (4), por videoconferência, com o coordenador-geral do Procon RN, Thiago Silva, e o diretor-geral do Procon Natal, Gleiber Dantas. Na pauta, os recentes aumentos nos preços de itens da cesta básica adquiridos pelos supermercados junto à indústria e fornecedores.

Com a valorização do dólar, crescimento da exportação e do consumo interno, os custos dos produtos vêm registrando aumento e preocupando os empresários do comércio varejista de alimentos. Por isso, a ASSURN solicitou a reunião com o objetivo de alertar os Procons sobre essas oscilações nos preços e esclarecer o motivo para os reajustes nas gôndolas dos supermercados.

“O país tá passando por uma situação que ao mesmo tempo está acontecendo uma pandemia e uma super exportação, isso pode causar problema de desabastecimento e, consequentemente, de preço, o que já tem ocorrido. Alguns itens nós vemos que subiram em excesso”, disse o presidente da ASSURN, Nelson Leiros, que completou: “Tem alguns produtos que de repente dobraram de preços. Isso pode causar muitos transtornos para o supermercadista, uma vez que o cliente não entende, e não é obrigado a entender isso. Ele quer o preço mais barato e que não tenha mudança repentina.”

O presidente da ASSURN também ressaltou a importância da sociedade entender que os supermercados apenas repassam os valores, muitas vezes diminuindo a sua margem de lucro para que o impacto ao consumidor seja menor. Outra preocupação da associação é apresentar aos órgãos fiscalizadores os motivos que levam o setor a precisar reajustar os preços, para que as empresas não sejam autuadas ou penalizadas indevidamente. “O que a gente quer é se antecipar ao Procon, mostrar que a gente tá aberto a toda conversa, a toda explicação e tudo tem explicação. E juntos lutarmos para atender o consumidor final, que é a nossa finalidade, assim como também é o objetivo do Procon”, explicou.

Durante a reunião, outros empresários relataram alguns fatores que acabam interferindo nos preços, como por exemplo, as altas taxas para importação de commodities. “A importação fica inviabilizada pelo câmbio e tributação. Por outro lado, a exportação tá super competitiva e os países estão comprando muito. O produtor vai vender a quem tiver o melhor negócio pra ele e nesse momento é exportar. Ele só vai vender aqui se tiver um preço equivalente, senão ele vai priorizar a exportação. É o cenário que temos: o mercado externo altamente consumidor, a nossa moeda desvalorizada e o consumo interno acelerado. Nós temos que repassar preços, se aumenta o preço de compra, temos que aumentar o preço de venda”, esclareceu o conselheiro da ABRAS, Luiz Antônio de Moura.

O supermercadista Eugênio Medeiros lembrou que a oscilação dos custos impacta uma cadeia produtiva inteira, escoando para o consumidor final. “É uma situação que não afeta apenas o pequeno varejo, supermercado, o hipermercado. Afeta o distribuidor, o atacarejo. Afeta todo mundo.”

O diretor-geral do Procon Natal, Gleiber Dantas, orientou aos supermercados que se adiantem ao problema e já forneçam relatórios de compras para reafirmarem o histórico de aumento nos valores dos produtos adquiridos pelo setor. “Se os supermercados assim quiserem, podem se antecipar e remeter aos Procons as três últimas faturas desses produtos ligados à cesta básica. Mais alguns outros produtos como queijos, leite, ovos. De forma individualizada, remete pra gente para vermos qual foi esse aumento que vocês receberam e o que vocês estão repassando, e um documento explicando o porquê do aumento à população. Porque essa é a forma que o Procon utiliza para verificar essa questão do aumento da cesta básica”, recomendou.

O titular do órgão municipal também se dispôs a fazer um esclarecimento em parceria com a associação com a finalidade de explicar à população sobre os reajustes. “Mesmo com essa noção que a gente já tem, seria de suma importância que vocês apresentassem essa documentação para que a gente pudesse também fazer uma averiguação e fazer uma resposta conjunta, se for o caso, à sociedade”, declarou.

Já o coordenador-geral do Procon RN, Thiago Silva, sugeriu que a ASSURN intensifique as campanhas informativas que busque mostrar de forma clara ao consumidor como é composto o preço dos produtos. “Muitas vezes o cliente não tem acesso à informação. Ele não sabe que o preço que aumenta na prateleira ele já vem de uma cadeia de aumentos. Uma contrapropaganda mostrando como é o caminho dessa precificação até que ela chegue no supermercado seria importante nesse momento”, ressaltou.

Desde que foi percebido o primeiro crescimento nos preços, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) e as 27 associações estaduais têm dialogado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento para tentar buscar uma solução. As entidades apoiam o sistema econômico baseado na livre iniciativa, e são contra as práticas abusivas de preço, que impactam negativamente no controle de volume de compras, na inflação, e geram tensões negociais e de ordem pública. Além disso, irão continuar buscando oferecer aos consumidores, opções de substituição dos produtos mais impactados por esses aumentos.